Mas vais embora porquê?

Esta é a pergunta que tem governado os meus dias. Há medida que vou informando as pessoas que vou regressar a Portugal, todas (ou quase) põem um ar de espanto.
Mas porquê?
Vais regressar porquê se lá não há trabalho?
Mas ninguém te tratou mal cá pois não?
Mas porque é que vais já se tens colegas que ficam tantos anos?

No início estas reacções irritavam-me. Mas porque diabo é que não posso regressar? Hoje aprendi a lê-las de forma diferente. As pessoas gostam de me ter cá, sentem-me integrada e funcional. Ficámos amigos ou colegas próximos. E os angolanos, de alguma forma, esqueceram que esta não é a minha terra, não é o meu país. Conheceram-me cá e portanto esquecem que a minha família esta lá. A grande maioria dos meus amigos está lá. E, por melhor que me tenha adaptado, a minha casa é Portugal.

Vou regressar. Não me levem a mal, ok?

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