Fotografias, histórias e raízes

"Gente de terceira classe"
Fui ao Museu da Electricidade. Sabia que havia exposições novas mas não sabia o quê. Estes dias solarengos mas sem demasiado calor têm-me arrastado para fora de casa e lá fui, lagartar junto ao rio até lá chegar.
A exposição chama-se "Gente de terceira classe" se não estou em erro. As fotografias, tiradas entre 1930 e 1960 mais coisa menos coisa. Mas para mim são mais do que fotografias. Aquelas imagens do Portugal rural são as imagens das histórias que me correm nas veias. As minhas histórias não são de apanhar arroz ou trabalhar nas minas, mas são de ceifar pão e guardar as ovelhas. São histórias iguais. A vida era assim.
Mas tal como estas imagens, ou pelo menos tal como eu as vejo, não trazem amargura. Normalmente acabam com sorrisos provocados pela memória de um coelho que caiu na armadilha ou pelas cerejas que se roubavam à beira do caminho. A vida era assim. Ponto. Mas podia não ser. E por isso é que estas histórias e estas imagens me dizem tanto. Porque moldaram a forma como fui criada. Educada para ser dona da minha vida e do meu futuro. O mundo seria aquilo que eu tivesse a força, determinação, vontade ou inteligência para criar. O mundo podia ser aquele ou outro. O que eu escolhesse.
Por isso, estas fotos dão-me força porque me levam às raízes de quem sou e do que me tornei.
Não é todos os dias que vejo uma exposição que me diga tanto.

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