"Queres ser gira ou queres ser engenheira?"
Nenhum caloiro fêmea da faculdade de engenharia escapou a ouvir esta piadinha.... a famosa pergunta que Deus faz às mulheres quando nascem.
É claro que é sexista, desagradável, quem a diz merece um par de estalos. Mas a verdade é que a engenharia, e sobretudo a civil, é realmente um mundo de homens.
É claro que é sexista, desagradável, quem a diz merece um par de estalos. Mas a verdade é que a engenharia, e sobretudo a civil, é realmente um mundo de homens.
Não vale a pena escaparmos: é um mundo duro, com gente com baixa educação em relação a quem é preciso manter muito as distâncias para manter a autoridade, as obras fazem-se à chuva, as botas enfiadas na lama, os prazos e as margens não se compadecem com corações sensíveis.
E quase todas nós, as que fomos para engenharia pelo prazer de construir e criar, porque apesar de termos uma relação de amor-ódio com o betão armado, ficamos de cara à banda com uma estrutura arrojada, temos de nos adaptar. E adaptar significa calças de ganga, camisolas confortáveis. Brincos e penteados complicados são incompatíveis com o capacete. Saias e meias de vidro não jogam bem com as botas de biqueira de aço. E mesmo que não estejamos em obra, nunca queremos ser vistas como muito femininas porque isso implica fragilidade (coisa que realmente não somos), não queremos andar de saias porque odiamos os olhares às pernas, os decotes deixam de existir porque há lá alguma coisa mais chata que um decote quando se tem de fechar um orçamento com um chefe que gosta de ficar de pé? E no fundo, nada disto é um sacrifício porque já era assim que nos vestíamos antes.
Ao longo do tempo, podemos ganhar um bocadinho de espaço. Tal como sempre trabalhei de Doc Martens, já posso ir de saias para o escritório que não me sinto incomodada. Mas ainda há pouco tempo uma mísera bandolette provocou sensação!
E com tudo isto, o nosso guarda-fatos vai ficando cada vez mais igual. Não perdemos o gosto pelos vestidos giros, pelos lenços, pelas saias. Mas perguntamos-nos sempre "Será que vale a pena o dinheiro? Quando é que vou vestir isto, ao fim-de-semana?". E vamos perdendo o jeito a tirar essas coisas giras para fora quando saímos para ir ao cinema ou para tomar café. O pragmatismo está-nos na massa do sangue desde sempre: se estou tão confortável, porque diabos me vou dar ao trabalho de trocar de roupa? Qualquer aventura por um pouco de feminilidad é saudada com expressões sinceras de felicidade das amigas, mas isso não nos faz trocar de vida.
Eu começo a achar que isto está tudo errado. Mas só lá estou a chegar porque já passei por todas as fases. Porque hoje já me sinto confortável o suficiente na empresa para responder à letra a qualquer coleguinha que faça um comentário. Ou para agradecer com uma vénia. Ou para mandar pura e simplesmente alguém estar calado. E por isso, agora que já posso e porque as hormonas femininas começaram a atacar depois dos 30, já compro mais saias e tenho mais lenços e já olho para vestidos.
Mas hoje, atingiu-se um limite histórico. Apaixonei-me por uns saltos altos! Digam lá que não são lindos??
E quase todas nós, as que fomos para engenharia pelo prazer de construir e criar, porque apesar de termos uma relação de amor-ódio com o betão armado, ficamos de cara à banda com uma estrutura arrojada, temos de nos adaptar. E adaptar significa calças de ganga, camisolas confortáveis. Brincos e penteados complicados são incompatíveis com o capacete. Saias e meias de vidro não jogam bem com as botas de biqueira de aço. E mesmo que não estejamos em obra, nunca queremos ser vistas como muito femininas porque isso implica fragilidade (coisa que realmente não somos), não queremos andar de saias porque odiamos os olhares às pernas, os decotes deixam de existir porque há lá alguma coisa mais chata que um decote quando se tem de fechar um orçamento com um chefe que gosta de ficar de pé? E no fundo, nada disto é um sacrifício porque já era assim que nos vestíamos antes.
Ao longo do tempo, podemos ganhar um bocadinho de espaço. Tal como sempre trabalhei de Doc Martens, já posso ir de saias para o escritório que não me sinto incomodada. Mas ainda há pouco tempo uma mísera bandolette provocou sensação!
E com tudo isto, o nosso guarda-fatos vai ficando cada vez mais igual. Não perdemos o gosto pelos vestidos giros, pelos lenços, pelas saias. Mas perguntamos-nos sempre "Será que vale a pena o dinheiro? Quando é que vou vestir isto, ao fim-de-semana?". E vamos perdendo o jeito a tirar essas coisas giras para fora quando saímos para ir ao cinema ou para tomar café. O pragmatismo está-nos na massa do sangue desde sempre: se estou tão confortável, porque diabos me vou dar ao trabalho de trocar de roupa? Qualquer aventura por um pouco de feminilidad é saudada com expressões sinceras de felicidade das amigas, mas isso não nos faz trocar de vida.
Eu começo a achar que isto está tudo errado. Mas só lá estou a chegar porque já passei por todas as fases. Porque hoje já me sinto confortável o suficiente na empresa para responder à letra a qualquer coleguinha que faça um comentário. Ou para agradecer com uma vénia. Ou para mandar pura e simplesmente alguém estar calado. E por isso, agora que já posso e porque as hormonas femininas começaram a atacar depois dos 30, já compro mais saias e tenho mais lenços e já olho para vestidos.
Mas hoje, atingiu-se um limite histórico. Apaixonei-me por uns saltos altos! Digam lá que não são lindos??
E ainda por cima são Camper! Logo, confortáveis!
É claro que o drama se mantém: as minhas calças estão todas preparadas para sapatos rasos, o meu 1,7 m de altura que já me faz mais alta que muitos homens vai passar para 1,8 (e ainda noutro dia um DO que conheço desde que comecei a trabalhar me perguntou se eu tinha crescido ou ele tinha encurtado), saias no escritório ok, mas saias com estes saltos vai ser lindo... Mas que são fantásticos são!!!
Mas caraças, uns saltos não vão afectar os meus neurónios.... Tenho de pensar nisso. Tenho de entrar numa loja da Camper e experimentar.
Comentários
Experimenta-os. Compra-os. Usa e abusa deles. Com o que tu quiseres.