Carros velhos, amores novos

O carro da família é um Renault 5 Laureat com 24 anos. Nunca foi preciso para grandes viagens e aguenta-se bem até hoje, estimado e com visitas regulares a mecânicos decentes.
Nunca fomos grandes amigos. Conduzia-o sempre que estava em casa depois de tirar a carta mas aquilo era um massacre com o meu pai ao lado a dizer "Mete a 3ª, carrega na embraigem, olhó pisca, acelera e ultrapassa que tens tempo...". Conduzir era uma chatice. Quando comecei a trabalhar e a estrada se tornou a minha segunda casa, aprendi realmente a conduzir e, mais que isso, a gostar de conduzir. Hoje gosto de conduzir e gosto de carros divertidos de conduzir. Gosto de "carros de homem", com motores decentes e nervosinhos de conduzir. O Jajinho, que é como nós chamamos ao carro, foi algo em que não peguei durante anos. O meu irmão tornou-se o condutor oficial mal tirou a carta e eu entreguei as chaves, alegre e contente!
Mas hoje foi preciso pegar no carro e trazê-lo para a aldeia. Irritou-me aquilo de não ter fecho centralizado, caramba que isto não tem cd, onde é que está o botão para acertar os espelhos. Pô-lo a trabalhar foi outro filme, com a minha cabeça a ladrar ordens furiosas às minhas mãos: abre o ar, deixa aquecer, não carregues demais no acelerador que o desgraçado ainda se afoga, fecha o ar devagarinho, cuidado que os travões são diferentes dos do teu carro, não, a quinta não existe. Sair da cidade foi um inferno: eu e o carro não nos reconhecíamos.
Mas finalmente lá chegámos à estrada. A luta com as mudanças diminui, o sol brilha lá fora, o carro até acelera e até trava e os U2 estão a bombar no leitor de cassetes. E foi então que finalmente percebi o fascínio dos carros antigos....

Comentários

princesaesquimo disse…
Fizeste-me rir, está demais, só faltou a foto do jajinho.

Não me digas que vais comprar um carro antigo eheheh, fascínio desde que não tenhas que os conduzir lol

Beijnhos
Sandra Coelho disse…
Não, para já não vou comprar um carro antigo. Mas quando voltar de Luanda, quem sabe :-)?