A descobrir e a perder o medo
Nas primeiras idas ao supermercado, o que mais me assustou, para além dos preços obscenos, foi a fraca qualidade dos vegetais. Tudo tinha um aspecto seco, cansado, viajado de avião e coberto de químicos de manutenção que não funcionaram. Comprei a contra-gosto umas coisas para fazer sopa mas não fiquei feliz.
Depois, da janela do carro comecei a ver quintandeiras (acho que é assim que se chamam) com fruta e legumes que pareciam ter bom aspecto. A primeira vez que disse que estava a pensar em começar a comprar os legumes na rua, levei com um "Tás louca? Sabes de onde é que isso vem? Roubados ou criados nas riberias à volta de Luanda!!!" Continuei a comprar legumes tristes.
Mas hoje cansei-me. Peguei na mochila, caminhei até ao supermercado e pelo caminho vi tomates e cebolas e couve, tudo com aspecto fresco. Os preços que me dizem são sempre idênticos para os mesmos produtos. Umas vezes negociei, outras não. Mas vim para casa com isto:
Devo ter gasto uns 1000 kwanzas. O que me parece uma melhoria significativa de qualidade de vida depois de ter pago 900 kwanzas por um saco de cenouras importadas ou 600 kwz por uma mísera palete de bróculos cansados.
O truque, tanto na rua como nos supermercados, é comprar o que nos agrada quando há. Acho que estou a aprender.
Depois, da janela do carro comecei a ver quintandeiras (acho que é assim que se chamam) com fruta e legumes que pareciam ter bom aspecto. A primeira vez que disse que estava a pensar em começar a comprar os legumes na rua, levei com um "Tás louca? Sabes de onde é que isso vem? Roubados ou criados nas riberias à volta de Luanda!!!" Continuei a comprar legumes tristes.
Mas hoje cansei-me. Peguei na mochila, caminhei até ao supermercado e pelo caminho vi tomates e cebolas e couve, tudo com aspecto fresco. Os preços que me dizem são sempre idênticos para os mesmos produtos. Umas vezes negociei, outras não. Mas vim para casa com isto:
Devo ter gasto uns 1000 kwanzas. O que me parece uma melhoria significativa de qualidade de vida depois de ter pago 900 kwanzas por um saco de cenouras importadas ou 600 kwz por uma mísera palete de bróculos cansados.
O truque, tanto na rua como nos supermercados, é comprar o que nos agrada quando há. Acho que estou a aprender.
Comentários
Cá estou de novo, a acompanhá-la na sua "aventura".
As quintandeiras são quitandeiras. Quitanda é como se chama a cesta que as mulheres transportam à cabeça ou colocam a seu lado no chão, quando se sentam, e em que têm, por regra, produtos para alimentação como legumes, frutas e, por vezes, marisco(camarão, sobretudo), ou mesmo peixe. Era assim, provavelmente continuará a ser! Imagine que no Brasil também se chama Quitanda a uma pequena loja de produtos tradicionais alimentares! As volta que a nossa língua dá!
Na foto vejo um saquito de plástico e, no seu interior, o que parece serem jindungos (por cá é costume dizer-se piripiri, ou malaguetas). Se são jindungos para aí com 2 ou 2,5 cms, são caluquetas. Se forem mais pequenos por volta de 1 cm são Kimbundus e picantes até dizer chega. Também os há arredondados, assim do tamano de uma cereja - sãos os Kahombos, menos picantes e de paladar diferente.
Desculpe ter estado com esta conversa toda, mas, sabe, quando desencaixotamos as saudades...
Já agora, no Mercado de São Paulo pode, à vontade (podia-se!) comprar legumes e frutas. Normalmente são produzidas na Funda, a Norte de Luanda, ou nos terrenos da Foz do Bengo, sem contaminações.
Cumprimentos e boa estada.
Por favor aparece á vontade e vai falando! Os meus piri-piris acho que são kahombos (a avaliar pela descrição).
Não quero mentir mas havia um mercado em Luanda que foii deitado abaixo. Se esse era o de S. Paulo, então já não existe...
Boa semana!
Beijokas e boas compras