Uma vida
Desde que trabalho, sempre passei muito tempo fora de casa. Obras agures no campo, Marrocos, Madeira, Espanha. Ia durante a semana e ao fim-de-semana regressava a casa (bom, não quando estava em Marrocos mas a filosofia de vida era a mesma). A minha casa era Lisboa ou o Porto e, salvo raras excepções, os amigos eram os de sempre. Não me esforçava por criar uma vida nesse novo lugar. Saía do trabalho para o hotel ou o apartamento, na melhor das hipóteses passeava um bocadinho ao fim-de-semana ou jantava com os colegas de serviço.
A primeira decisão que tomei quando aceitei vir para Angola foi que queria viver aqui. A minha casa é no Porto mas é em Luanda que vivo. E isto significa que quero viver e ter uma vida social e conhecer o país e a cidade e sentir-me bem aqui. Claro que vim com meio trabalho feito graças à Shorty e ao Pateta mas ainda assim, preciso de mais. E as coisas começam a acontecer. Agora qu me sinto mais confortável, que já não tenho medo de conduzir, começo a descobrir os bares e os lugares e as pessoas. E a verdade é que já há planos para os próximos 3 sábados.
Pelo caminho, aprende-se muito. Hoje fui assistir a uma palestra sobre o trabalho que está a ser feito para recuperar a palanca negra. Julgava-se que estava à beira da extinção, eventualmente extinta. Agora, graças ao trabalho do Pedro Vaz Pinto, existe um santuário onde 10 palancas fêmeas andam alegres e contentes com um macho encontrado e trazido de outro parque. Altamente interessante de ouvir e de perceber que em Angola há gente que se preocupa com estas coisas e que o Governo apoia. Aliás, abençoado seja o helicóptero da Força Aérea que fez o transporte do bicho.
Coisas boas também acontecem por aqui. E quando em Portugal alguém vos disser que em Angola é tudo mau, mandem-no às urtigas. Digo-vos eu que vivo cá.
Comentários
E já constactei que já começaste "o domínio"!... :)
Beijos
Beijos grandes Tobias!
Bravo!
Essa nação crioula do meu coração ainda há-de ser um farol em África e no mundo. Esse povo mestiço (sobretudo culturalmente) vai erguer-se!
As palancas...a Palanca Negra Gigante.
Vi-as, ao vivo, por mais de uma vez nas cercanias das Pedras Negras de Pungo Andongo. Animais altivos, de forte personalidade, de uma beleza rara, nada assustadiços, por isso, talvez, expostos aos predadores humanos, e à barbárie de guerra, que quase as extinguiram.
Fico feliz ao saber, por si, que estão a ser protegidas. Como o Pensador, a Palanca é símbolo nacional de Angola. Vêmo-la no logotipo da TAAG e até a selecção de futebol é carinhosamente referida como a selecção dos palancas.
Ainda mais se há-de apaixonar por Angola! Quem bebe água do Bengo...
Um abraço