Moçambique

Vamos deixar uma coisa clara desde já: se não estivesse a morar em Angola, se calhar não tinha achado Moçambique tão especial. Mas chegar a um lugar com um aeroporto calmo, com táxis normais à porta, viajar até ao hotel sem buracos na estrada, é coisa para nos por logo a achar que se calhar o país vale a pena.
No sábado andámos por Maputo. Alugámos um táxi e circulámos pela Maputo que o meu colega recordava de lá crescer. Passámos pela marginal, pelo Clube de Pesca, almoçámos no mercado do peixe e jantámos no Piri-piri, vimos que as esplanadas do Scala e do Continental estão fechadas, perdi a cabeça no mercado de artesanato, passámos pelo liceu e visitámos o Museu de Natural. Almocei os maiores camarões tigre que vi na vida. Bebi Laurentinas e 2M. Quando cheguei ao hotel e aterrei na piscina ao final da tarde, senti que tinha sido um dia fantástico. Que por acaso ainda saiu melhor do que esperado porque à noite, no Gil Vicente ("Se não fores ao Gil Vicente, eu bato-te!" dizia-me o Miguel antes de eu partir), tivemos a sorte de ser noite de jam session. Jazz em Maputo. Num lugar simpático. Ecléctico. Com sul-africanos e portugueses e moçambicanos à mistura.
No domingo foi dia de ir ao Xai Xai. Pela estrada fora, o que me espantou foi não me sentir num documentário National Geographic. Estava num país normal, em estradas sem buracos, marcadas, com campos cultivados de milho à volta e com postes de alta tensão. (Pois, isso de não haver geradores nem barulho em Maputo é outro dos pontos muito positivos). Quando chegámos ao vale do Limpopo e vi aquela imensidão, quase que me vieram as lágrimas aos olhos. E aí foi fantástico descobrir a pensão onde os meus pais moravam quando nasci, perceber o jardim onde teria brincado e imaginar-me a jogar às escondidas no mercado. Lutámos para encontrar a casa do meu colega e foi ver as memórias a saltarem dele: o cão e as árvores e a rua.... Ouvi-lo falar fez-me perceber o que teria sido a minha infância se a história tivesse tomado outro rumo. Vi-me a passar os dias na praia, naquela mar clarinho do Índico. Vi-me a empanturrar-me de papaias roubadas.
Tenho muitas fotos. Algumas só fazem sentido para mim. Irei colocando algumas por aqui de vez em quando. Até para me lembrar que quero voltar. Cheira-me que este ano ainda me espera uma semana de férias lá. Cheira-me.

Comentários

Jaf disse…
Este comentário foi removido pelo autor.
Jaf disse…
Desculpa mais uma vez a intromissão...camarões tigre, mousse de maracujá no piri-piri, laurentinas e 2M (a minha favorita é laurentina preta), noites no gil vicente...hum.

posso acrescentar os sumos de fruta, os cigarros sem filtro marca "suave" (agora já não fumo, mas), o peixe e marisco fresco na vila dos pescadores junto ao autódromo, ir numa camioneta podre até vilankulos, na altura até fui recebido a caminho pelo governador do xai-xai que nos disse:

"Meus amigos escuteiros vos deixo com uma única palavra: Boa Viagem!"

e encontrei o meu paraíso na praia do tofinho em inhambane.

talvez devesse entrar para os mozaólicos anónimos...
Sandra Coelho disse…
:-) JAF, intromete-te à vontade! Já percebi que tenho muito mas muito mais para ver em Moçambique!
Marta Mourão disse…
wow... estradas sem buracos??? Onde?
Disseram-me que ultimamente fizeram estradas novas, mas sobretudo em Maputo.
Quando lá estive fui de Maputo a Inhambane e a estrada era uma desgraça...
Ah, também passei em Xai Xai, mas só fiquei uma noite e o mar estava bravo nesse dia!
Já agora, um dia que decidas passar 1 semana em Moçambique, pensa na hipótese de fazer um curso de mergulho em Inhambane. É uma experiência fantástica que cá nunca terás a oportunidade de fazer da mesma maneira. Também verás coisas únicas debaixo de água.
Se não te sentes inspirada em fazer um curso de mergulho, tenta pelo menos fazer snorkeling com os tubarões baleia em Inhambane. Esta sim é uma experiência única.
E já agora faz uma perninha em Bazaruto (faz a viagem de avião de Vilanculos até Bazaruto, é demais a vista).
Ai ai a 2M que saudades!!!
Sandra Coelho disse…
Eu vou de certeza voltar a Moçambique. Juro que fiquei fascinada e a qualidade de vida por comparação com Angola parece brutal. Bazaruto é uma hipótese para férias. Ou então Inhaca e Kruger. Mas um curso de mergulho tsambém não me parece nada mal!
Marta Mourão disse…
Inhambane é fantástico. Bazaruto também, mas as opções para estadia são caríssimas.
Eu fui a Inhaca e não gostei. Sinceramente teria saltado essa parte. Nota-se a proximidade com a cidade e a praia não é nada de especial (nem muito limpa).
O que eu adorei: Ponta do Ouro. É maravilhoso, especialmente para mergulho.
Vale bem a pena um curso de mergulho em Inhambane. A escola é muito boa e são só 4 dias de aulas.