Mudanças
Hoje dei por mim a pensar em mudanças. Mudanças em mim.
A primeira tem a ver com o conceito de normalidade. Quando cheguei a Angola os meus olhos arregalavam-se constantemente de espanto. Tudo era novo e diferente. Adaptei-me depressa mas não era normal. Os contrastes custavam-em muito. Hoje apercebi-me que o normal para mim é que tenho aqui agora. Tanto é normal o Belas e os seus chocolates da Fauchon como os sofás e os bancos de candongueiro que se vendem na estrada de Viana para lá das poças de água verde onde imagino peixes mutantes a nadas, é normal jantar um bom bife ou comer muanba com funge de bombom, é normal comprar pesto n0 melhor supermercado da cidade e fruta nas senhoras da rua, é normal saltar os riachos de água suja e passar o dia na praia, num ambiente tropical cheio de expatriados. O meu conceito de normal mudou.
A outra mudança é menos importante mas muito simpática. Fui criada no interior, as férias eram na aldeia entre a apanha das batatas e as festas de Agosto. A praia era algo a que ia alguns dias por ano, aos fins-de-semana. O mar era um lugar bonito mas assustador, sobretudo porque não sabia nadar. No Porto apaixonei-me por aquele mar cinzento, frio, forte, companheiro perfeito de uma esplanada e um livro. Aqui, a praia está a conquistar-me. Resisti-lhe muito tempo porque os lugares de que ouvia falar eram aqueles onde todos os colegas vão e não queria passar os fins-de-semana a ver as caras de sempre. Mas agora percebo que mesmo nesses lugares, há cantos. Em vez do lado direito da praia, há o esquerdo. Um colega que também gosta de não ver as caras de sempre, falou-me de outros lugares. E mesmo que se veja alguém por lá, troca-se um aceno de longe e eventualmente um bom dia e mais nada. E a água do Mussulo está a conquistar-me. Um mar calmo, sem ondas, onde alguém como eu pode aprender a lidar com a água, aprender a não ter pé sem panicar quando tenta tocar no chão e ele não está lá. A praia e o mar estão a conquistar-me.
P.S. Consequência directa: 3 ou 4 dias de praia, mesmo que enfiada debaixo de um guarda-sol e muito protector 40, e eu já estou muito morena. Se não me reconhecerem, eu percebo.
A primeira tem a ver com o conceito de normalidade. Quando cheguei a Angola os meus olhos arregalavam-se constantemente de espanto. Tudo era novo e diferente. Adaptei-me depressa mas não era normal. Os contrastes custavam-em muito. Hoje apercebi-me que o normal para mim é que tenho aqui agora. Tanto é normal o Belas e os seus chocolates da Fauchon como os sofás e os bancos de candongueiro que se vendem na estrada de Viana para lá das poças de água verde onde imagino peixes mutantes a nadas, é normal jantar um bom bife ou comer muanba com funge de bombom, é normal comprar pesto n0 melhor supermercado da cidade e fruta nas senhoras da rua, é normal saltar os riachos de água suja e passar o dia na praia, num ambiente tropical cheio de expatriados. O meu conceito de normal mudou.
A outra mudança é menos importante mas muito simpática. Fui criada no interior, as férias eram na aldeia entre a apanha das batatas e as festas de Agosto. A praia era algo a que ia alguns dias por ano, aos fins-de-semana. O mar era um lugar bonito mas assustador, sobretudo porque não sabia nadar. No Porto apaixonei-me por aquele mar cinzento, frio, forte, companheiro perfeito de uma esplanada e um livro. Aqui, a praia está a conquistar-me. Resisti-lhe muito tempo porque os lugares de que ouvia falar eram aqueles onde todos os colegas vão e não queria passar os fins-de-semana a ver as caras de sempre. Mas agora percebo que mesmo nesses lugares, há cantos. Em vez do lado direito da praia, há o esquerdo. Um colega que também gosta de não ver as caras de sempre, falou-me de outros lugares. E mesmo que se veja alguém por lá, troca-se um aceno de longe e eventualmente um bom dia e mais nada. E a água do Mussulo está a conquistar-me. Um mar calmo, sem ondas, onde alguém como eu pode aprender a lidar com a água, aprender a não ter pé sem panicar quando tenta tocar no chão e ele não está lá. A praia e o mar estão a conquistar-me.
P.S. Consequência directa: 3 ou 4 dias de praia, mesmo que enfiada debaixo de um guarda-sol e muito protector 40, e eu já estou muito morena. Se não me reconhecerem, eu percebo.
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