O que já aprendi sobre paleontologia

Deixem lá ver se vos consigo explicar o que aprendi nos últimos tempos.
Normalmente quando pensamos em dinossauros, incluimos nesse termo todos aqueles grandes bichos do jurrásico e do cretácio (idades geológicas). Na verdade, é preciso separar as águas: os dinossauros (tipo t-rex) eram terrestres e partilhavam a terra com os saurópodes (lembram-se daquele bicho simpático do parque jurássico, vegetariano e que espirrava para cima da miúda?). No ar imperavam os pterossauros (lá por voarem, não têm nada a ver com as aves; essas evoluíram a partir dos dinossauros). Nas águas tínhamos mosassauros (tipo crocodilos gigantes) e os plesiossauros (tipo monstro do Loch Ness). Não se atrevam a chamar dinossauro a um dos marinhos sob pena de serem imediatamente apedrejados até à morte por um paleontólogo!
É impressionante como os especialistas os conseguem distinguir! Apanha-se um dente do chão e alguém grita "Plesiossauro!" e se encontram um dente de mosassauro eles distinguem imediatamente a espécie. O que mete mesmo confusão é vê-los olhar para um pedacinho de osso e dizer "Pterossauro". (Bom, por acaso estes até são quase fáceis porque os ossos eram ocos por isso encontram-se pedaços fininhos que não têm nada a ver com a estrutura do osso de um mosassauro por exemplo). É verdadeiramente impressionante!
Depois as técnicas de conservação também são interessantes: vão se uma "super-cola3" para os casos extremos a uma solução de policloreto vinil (devo estar a baralhar os nomes mas paciência) dissolvida em acetona. A usar em quantdades generosas para garantir que nada se parte!
A parte da escavação também tem piada: tanto se usam martelos pneumáticos como pancadinhas mínímas quando se vislumbra um osso. Ou então, nada como soprar devagarinho a areia em busca de ossinhos partidos dos sacaninhas voadores. Confesso que agora estou curiosa em perceber como se faz o tratamento posterior em laboratório mas vou ver se consigo passar um dia a ver isso lá para Setembro. Depois conto-vos.
O que vos posso dizer é que a malta que anda nisto são uns verdadeiramente apaixonados pelo que fazem. Move-os uma fome de saber e perceber. Vivem a realizar o sonho que todos nós tivemos em crianças. E são gente com um conhecimento vasto porque nem só de ossos eles vivem! Precisam de saber geologia, tectónia... as correntes e os ventos são importantes para perceber a deposição e coleccionam felizes esqueletos de animais contemporâneos para estudar anatomia comparada. Gostava de ter a mesma paixão pela minha profissão.
Já agora, se querem acompanhar e aprender mais sobre dinossauros, não percam o Lusodinos.

P.S. Correcção: não é mosossauro, é mosAssauro. Não vos disse que estes gajos são exigentes? :-)

Comentários

SofiAlgarvia disse…
Essa experiência é entusiasmante, não?
Também aprendi algo sobre dinossauros, quando tive que traduzir um livro juvenil sobre o tema - na altura fiquei a saber tanto de dinossauros, que já conseguia dialogar com os miúdos mais curiosos sobre o assunto!
Sandra Coelho disse…
Sim Sofia, o tema é mesmo fascinante. Tanto que já me pus na Amazon a comprar livros sobre os bichos!!!