Por Portugal

Estou por cá há duas semanas. Com o que tenho visto e ouvido e falado com amigos, confirmam-se algumas das coisas que já pensava em Angola. Mas estava longe, podia estar a ver mal a coisa.
Contrariamente ao que parece das notícias, eu e muito mais gente com quem falei, não tenho nada contra a vinda do FMI. Se Portugal não tem gente que o saiba governar, que venha quem saiba. E podemos discutir que a culpa não é do povo, é do Governo, dos políticos. Mas eu acho que todos os portugueses têm muita culpa no cartório. Afinal, produz-se o menos possível, a culpa é sempre dos outros, o ideal é mandar o trabalho para o vizinho do lado que o vai empurrar mais uma vez, somos pouco exigentes com quem nos governa, fazemos o que podemos para fugir aos impostos (e quem nunca disse "não, não é preciso factura" só para não pagar o IVA que atire a primeira pedra). Se não fazemos hoje, amanhã está bom....
E depois, percebi que há muita gente que se habituou mesmo aos subsídios.... tenho amigos que querem contratar serventes e mecânicos e não conseguem ("o salário não é bom mas não posso ir a casa dormir...", "servente de obra? não, acho que isso não é para mim.", "pode assinar-me a folha em como vim cá pedir emprego? - frase dita imediatamente depois do "bom dia" e antes do "tem alguma vaga de emprego?").
Continuo na minha: estou contente por estar a trabalhar em Angola porque lá Trabalhamos. Queremos Fazer e Acontecer. Sabemos que sem esforço não há dinheiro para salários. Sentimos a responsabilidade das famílias que dependem da empresa. E temos pouca tolerância para quem não faz e não se esforça. E é assim mesmo que eu acho que deve ser....

Comentários

margarida disse…
Ó riquezinha, tens mesmo de andar fora ou criar o teu emprego por cá, porque a coisa é 'tal-cal' a descreves, com as honrosas excepções do costume.
Mas greves planeadas é o que para aí há mais.
E falta de boa vontade para remar para a mesma direcção, com aproximadamente a mesma força.
É o caos. Um niqunho...
Quem pode, vai-se, quem pensa, fica por lá.
Não compreendo as gentes que cruzam braços e perdem almas.
Simplesmente, não entendo...
Sandra Coelho disse…
eu também não. e ainda por cima gosto tanto deste país que me doi mesmo a alma
myself disse…
É a eterna questão cultural. É a ausência crónica de cidadania. Há terapêutica? Não sei. Será que tratamnto de choque chega? Também não sei.