@Menongue

Menongue. Mais uma vez. Já perdi a conta às vezes que cá vim este ano. Mas, depois de ter estranhado um bocadinho das primeiras vezes, agora é mais uma espécie de casa.
E gosto de cá vir. Gosto da paisagem (savana africana, muito capim, árvores triangulares), gosto da sensação constante de que de certeza que um bicho vai sair do capim (estão a ver as série NG com os leões a andar rasteiros? Estão a ver a vegetação? Pois, o mato à volta da cidade é assim. Daqui até ao Huambo e sabe-se lá quanto mais para baixo), gosto das rectas infinitas e do facto de não estar cheia de empresas de construção a descaracterizar a cidade (só cá estão duas e basicamente fazem estradas). Esperem, esqueci-me dos chineses: deitaram a baixo a estação de caminho de ferro colonial e estão a construir uma coisa que me faz chorar.
Menongue são os colegas a quem trago bolinhos secos que cá não há desses mimos, é o lugar onde se faz bolo caseiro no estaleiro cada vez que alguém faz anos e em que o empregado do bar não consegue dizer o meu nome. É o lugar onde é preciso uma resistência mental imensa porque a vida faz-se 7 dias por semana com os mesmos colegas, porque basicamente não há quase um lugar para ir tomar um café fora daqui. E se um café ou uma cerveja ainda se arranja do estaleiro para fora, jantar fora é impossível. E é por isso que gosto de vir aqui: porque é gente que merece o meu respeito e a minha amizade e o meu esforço.
São as terras do fim do mundo (é assim que os angolanos dizem) mas são a África de que gosto.

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