Ficção

Se há gente que eu sempre invejei são os criadores. Escritores que inventam um mundo inteiro, vidas inteiras, dias que podiam ser reais descritos com um detalhe que quem os vivesse não notaria. Músicos que juntam de forma nova as meia dúzia de notas que existem e fazem sinfonias e óperas e flamengo e jazz e todas as outras alternativas possíveis.
Eu não sou uma criadora. Nos meus idos tempos de música, o que eu fazia era brincar sobre o que já existia. Adicionava uma camada nova com umas notas aqui e ali. Não me nascia a música na cabeça mas sim nos dedos.... Os meus dedos sabiam exactamente, quando em cima de uma viola, o que ia funcionar ali desde que eu conhecesse a música base de trás para a frente.
Eu não sou uma criadora. Mas gostava de ser.
E de há uns tempos para cá tenho-me perguntado se há histórias dentro de mim para contar. Será que os filmes que faço na minha cabeça se passam para o papel e ficam lá ou são tão ténues que se esfumaçam? Será que consigo contar o que vejo com voz de poeta ou imaginar histórias coerentes com base numa nuvem estranha que passa lá ao fundo?
Pensei sinceramente em criar um bloguezinho obscuro para estas coisas. Aquilo até podia ser a maior banhada do mundo e ninguém sabia que era eu que escrevia... Mas depois achei que seria uma monumental chatice isso de ter de fazer dois logins. Enfim, que se lixe. Aqui até já tenho gente que me conhece e que pode ir dizendo de sua justiça. Vou portanto inaugurar uma nova tag chamada ficções. A ver o que sai daqui...

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