Da vida e das mudanças

Há três anos atrás, mais ou menos por esta altura, estava a mudar-me para o apartamento de Alcântara. No fundo, o mesmo processo que agora se repete: chego à cidade, descubro rapidamente um lugar para ficar que provavelmente vai ser temporário, até que um dia meto os pés ao caminho à procura da casa perfeita para mim. A minha mãe dizia noutro dia "até que estejas mesmo como queres, tu não páras, não é?". É verdade. Não páro até sentir que estou mesmo num lugar de que gosto, que é a minha cara, onde a vida vai ganhar outro brilho.
É só uma casa. Ou talvez não. Este processo de dar muito valor ao lugar onde vivo começou quando fui para Madrid: aquele T0 de decoração deprimente fazia-me ter saudades da casa de Gaia, solarenga e feliz. Os anos de Angola, a partilhar casa e a reduzir o meu espaço vital ao meu quarto, mostraram-me quão importante o meu canto realmente é para mim. O mesmo aqui. Quero morar numa casa inglesa, com um jardim e uma casa de arrumos ao fundo. Quero sentir que pertenço um pouco aqui em vez de morar num lugar que os estrangeiros escolhem porque sim. Quero mudar de casa para sentir que mudei mesmo de vida, que este é agora, mesmo mesmo, o meu emprego e não um devaneio de que um dia acordo.
A minha vida agora é aqui. E eu quero torná-la tão agradável e confortável quanto possível. Só isso.
Por isso amanhã, lá vou eu ter mais uma mudança.

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