Dos livros (mais uma vez)

Cada lugar onde vivi deixou uma marca na minha vida. Tirar os sapatos quando entro em casa vem da Dinamarca, ter odiado lentilhas durante anos foi provocado por Marrocos, saber o que é um pôr-do-sol a sério é algo que devo a Angola. E o mesmo se aplica à minha casa. Casa no sentido de mobília. Há tapetes marroquinos, candeeiros nórdicos e espanhóis, quadros angolanos, a mesa de jantar e as cadeiras foram compradas em Madrid e levadas numa viagem epicamente desconfortável para o Porto. A Madam Mim, a minha planta mais resistente, acho que veio de Barcelona (no tempo em que ainda se transportava muita coisa na cabine dos aviões). A minha casa conta a história da minha vida a quem a souber ler. 
No outro dia dizia a alguém que ainda não tinha comprado, ou descoberto, o que ia ser a marca de Inglaterra nesta linha de pensamento. Ok, tive de comprar uma cama nova porque o estrado da antiga não passava nas escadas, mas não se pode dizer que a cama seja assim um statement de identidade (apesar de, pensando bem, sendo de ferro e com um ar pseudo-antigo até pode ser vista como algo influenciado pelos livros da Jane Austen). Mas é da Ikea, não conta portanto. 
Mas hoje de manhã apercebi-me que, afinal, Londres já está a deixar uma marca. E grande. Na forma de livros. Sim, eu sei, já comprei imensos porque diabo os continuo a trazer para casa? E a resposta é apenas uma: porque sim, porque são livros, porque são livros e dos bons, daqueles que abrem mundos. E se é verdade que ando a ler menos (claramente lia mais no Metro quando morava na primeira casa, se calhar porque parte do trajecto era à superfície) e parecendo que não, são 1,5 horas por dia que estão disponíveis para ler) também é verdade que tudo na vida vai por ciclos. Mas bom, aqui fica uma pequena mostra das últimas adições cá a casa. 

E depois há os livros de cozinha..... oh meu Deus. Isto tem sido uma aventura ainda maior. Acho que agora a velocidade de aquisição está a abrandar porque já percebi quais os estilos de comida vegetariana que me agradam e portanto onde estão as receitas que me apetece cozinhar. Mas ganhei outro hábito giro: há uma pilha de livros de cozinha residente no chão ao lado do sofá (mesmo ao lado do cesto com o que quer que esteja a tricotar agora), e eu vou-os abrindo, vendo fotos e lendo receitas, percorrendo os índices de cada vez que há na caixa de vegetais alguma coisa que precisa de ser tratada com uma receita original (o que acontece muitas vezes porque isto de provar sabores novos consegue ser viciante). 
E pronto, este é o post sobre a herança que Londres vai deixar na minha vida (livros que me vão demorar 2 vidas a ler) e livros (cujas receitas me devem durar para umas 5 reincarnações). 

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