LEAN ou apenas mais uma coisa que me pôs a pensar

Cheira-me que isto vai ser um post longo por isso não vos levo a mal se saírem daqui sem ler mais uma linha.
Na semana passada tive os meus primeiros dias de formação em LEAN. Basicamente um sistema de gestão para tornar os processos nas empresas mais eficientes (e por esta altura, os 20% de leitores que restavam reduzem para 1%). Uma coisa saída das linhas de produção da Toyota. O que, mesmo antes de se saber mais em detalhe do que se trata, levanta logo aquelas velhas questões de "o que é que uma coisa que vem de uma linha de montagem tem da ver com a construção?". Ok, está bem, eu sei. Mas já nem faço essa pergunta porque o mesmo se dizia dos sistemas da Qualidade portanto não vão por aí. Mas a pergunta é válida: como se implementa isto?
Antes de começar o curso pediram-nos para, num dia típico de trabalho, fazer-mos um pequeno registo de tempo. Quanto tempo em cafés e a conversar com os colegas? Quanto tempo a ler emails para os apagar de imediato? Quanto tempo a fazer coisas que verdadeiramente têm um resultado ou quanto tempo a prepararmo-nos para elas? E o resultado chocou-me. O tempo somado das pausas de café e de conversas é muito maior que eu pensava. E eu que até me achava uma pessoa razoavelmente disciplinada. O tempo com emails é uma loucura (toda a comunicação formal com o cliente vem por email e eu recebo, seja para mim ou não - até porque há muita coisa que afecta vários departamentos ao mesmo tempo) e portanto é preciso triar isso. Há o tempo com tarefas que não estavam planeadas, colegas que vêm pedir ajuda. No final do dia, daquilo que planeio fazer, só consegui fazer um pouco. Ai mau maria. E tenho continuado a fazer esse diário. Não por masoquismo. Mas porque efectivamente preciso perceber o que se passa com o meu tempo que parece que se esvai e deixa tão pouco de visível para trás. Porquê? Chamem-me parva, mas tenho um trabalho para fazer, um projecto que me pagam para ajudar a tornar viável e lucrativo e, mais que tudo, um raio de um sentido de ética embutido (malfadado chip) que me faz querer sair do escritório a sentir que mereci o salário em cada dia. E porque quero sair com a lista de "assustos do dia" limpa. Quero sair e desligar do trabalho não porque funciono em regime "das 9 às 5" mas porque efectivamente atingi os meus objectivos.
E esta maneira de pensar aplica-se a outras coisas na vida. A verdade é que eu tenho tendência a adiar. Chego a casa, pouso o livro novo algures e ele fica lá durante semanas; 2 canecas sofreram com a viagem do Natal e aquela mala atascada de coisas boas e ficaram em cima da mesa da sala até que, finalmente, hoje me decidi a sacar do tubo de cola e resolvi o problema em 10 minutos (bom, uma nunca mais pode ser usada, mas quero-a colada, de pé, a lembrar-me que ser engenheira da FEUP é mais do que apenas um conjunto de palavras). Ser mais eficaz e eficiente alivia-me a consciência e limpa-me a cabeça para me dedicar a outras coisas. Coisas que posso fazer devagar. Ler. Fazer uma camisola e desmanchá-la a meio e voltar a fazer apenas porque não era aquilo que tinha sonhado.
Mas o primeiro passo é a consciência. Do tempo. De mim. Do que tenho para fazer.
Não faço ideia como vou implementar o que estou a aprender no projecto e que raio de processo vou tentar melhorar. Não sei. Não sei se a inspiração vai chegar ou se alguém mais sábio me vai ajudar a chegar lá. Mas já valeu a pena.

Comentários

Nuno disse…
Bolas....tenho que te encomendar uma caneca nova