A vida numa casa de bonecas

Mudei mais uma vez de casa há duas semanas atrás. Sim, fiquei sem o meu belo jardim. Se por um lado lhe tenho saudades, por outro não me chateia: já vivi, já experimentei, venha o próximo.
Esta nova casa (isto de mudar frequentemente de casa parece ser uma coisa muito londrina.... os contratos são de um ano ou dois e depois disso os senhorios gostam de propor um aumento de renda pouco simpático e as pessoas vão procurar outra coisa apesar de não ter sido esse o meu caso) é um equilíbrio, um compromisso, entre encontrar uma casa ligeiramente mais barata, com água por perto (leia-se o Tamisa na impossibilidade de ser o meu querido Douro) e numa zona da cidade que me agradasse. Queria uma coisa mais barata porque apesar de precisar de algum espaço, ter um quarto de hóspedes digno desse nome é um luxo de que eu decidi prescindir. Não se preocupem, os amigos continuam a poder ficar cá em visitas curtas, mas numa cidade com as rendas tão caras um espaço dedicado a visitas que não são assim tão frequentes é o equivalente a acender charutos com notas de 50. Portanto decidi que esta casa seria apenas focada em mim. Tenho um atelier confortável que vou usar, uma sala de jantar pequenina mas amorosa, um quarto onde mais 2m2 seriam uma benção e uma cozinha que funciona.
Mas é pequena. Demorou a arrumar porque é um puzzle: cada coisa tem um lugar, um espaço dedicado. Muitas vezes para aceder a qualquer coisa tenho de tirar o que está em cima ou na frente. O que significa que esta casa vai ensinar-me algo que nunca tive de aprender: a ser arrumada. Sempre deixei coisas casa fora, pousadas aqui e ali, e se passassem 4 semanas antes de as arrumar não vinha dali mal ao mundo. Agora vem. Provavelmente porque vou tropeçar naquilo. Ou vou dar-lhe uma cotovelada e mandá-lo ao chão.
Não é casa para fazer festas. Mas é casa para receber um ou dois amigos para jantar e ficar na conversa com a falsa lareira (pelos vistos aquilo é a gás e deita uma chama gira e aquece mesmo) a iluminar a noite. É casa para sair e ir tomar café a lugares giros a dois minutos de caminho ou ir caminhar ao lado do rio para esvaziar a cabeça.
É pequenina. Mas é a minha casa agora. E eu estou feliz!

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